segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O papel da vinculação segura na prevenção da doença mental


 A doença mental mais do que um problema individual é uma questão de saúde pública. Vivemos em sociedade, somos permeáveis à influência dos outros e principalmente somos relacionais, o nosso bem-estar depende também do bem-estar do outro. O nosso país, à semelhança de tantos outros, despende um gasto elevado no tratamento das patologias emocionais quando a resposta assertiva a este problema passa pela prevenção. Esta deveria ocorrer idealmente o mais atempada possível, e por isso faz todo o sentido sermos mais conhecedores do desenvolvimento infantil e do papel preponderante que os cuidadores, pais, educadores e familiares têm na prevenção da doença mental. A sociedade actual impõem-nos um ritmo que potencia o distanciamento e inatenção a questão tão simples como o relacionamento interpessoal e de forma mais intensa nos desliga daquilo que é essencial, a sensibilidade para cuidarmos das crianças que representam o futuro e o amanhã.

Descurar o afecto na relação com o bebé é o maior risco de doença mental. Os processos vinculativos são estudados há décadas mas aquilo que se percebe é que os resultados destes estudos não preenchem um dos seus propósitos, prevenir a doença mental. É nossa obrigação, enquanto técnicos de saúde mental, partilhar esta informação principalmente com os pais.

A vinculação consiste nos laços que se criam e mantém entre os bebés e os seus cuidadores, que se fortalecem ao longo do tempo e permitem aos primeiros lidar com o stress e os desafios de uma nova realidade. Uma vinculação segura permite ao bebé sentir-se amado e cuidado sendo o alicerce para uma relação estável na qual existe espaço e tempo para a exploração do meio envolvente. Os cuidadores são nesta altura a base segura à qual poderão recorrer à mínima ansiedade, medo ou simples desconforto desde recém-nascidos.

Pais atentos, com uma resposta assertiva e atempada ao sinal de desconforto do bebé, previnem não só a doença mental futura como as patologias físicas provenientes da janela aberta criada pelo estado de tensão. A vinculação insegura está associada a alterações dos estados de humor, ansiedade, agressividade e patologias físicas diversas. Quando segura é uma protecção valiosa.

Pequenas alterações no comportamento parental podem potenciar a insegurança dos filhos através do desconforto ao qual o recém-nascido é tão permeável. Criar laços consistentes com os filhos, ter sensibilidade às suas necessidades e protege-los dos elementos potencialmente stressantes com os quais não sabem lidar, são os factores de maior peso numa vinculação segura, não descurando o bem-estar dos pais e da relação entre ambos. A disponibilidade para estes pequenos seres humanos deverá ser sempre consonante com as suas características não caindo no maior erro de o percepcionar como um pequeno adulto. Os bebés precisam de amor, afecto e cuidado que deverá ser consistente, equilibrado e contínuo.

Nota: Imagem retirada da Internet

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