quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O código de toque de uma mãe psicóloga

Todas as mães com uma profissão ligada ao desenvolvimento infantil ficam simplesmente maravilhadas todos os dias! Porque todos os dias se apercebem das mais ténues pistas que muitas vezes poderão passar despercebidas às outras mães e pais. E enquanto se embala o bebé no colo que tem o exacto contorno que permite o perfeito encaixe com o bebé em muito se pensa. Por vezes não se pensa, é certo… só se aproveita os minutos de silêncio para sossegar o cérebro, que entretanto foi reprogramado para dar resposta a todas as necessidades daquele tão pequeno e adorado ser.  Mas quando se divaga e se percorre rapidamente o dia fazendo o balanço para o encerrar, surgem algumas conclusões. E inevitavelmente pensamos em muitas questões do desenvolvimento dos nossos filhos. No meu caso em particular, essas questões não se prendem com angústias e preocupações mas pelo contrário pelo fascínio de encontrar nas ténues pistas a chave perfeita à luz dos mais adorados especialistas desta área. Muitas vezes este é o mote para as nossas próprias reflexões enquanto profissionais. Foi num destes momentos que me surgiu o que designei desde então “o código de toque”. Obviamente que esta reflexão foi proporcionada também pela preparação do workshop que mais tarde daria sobre Massagem do Bebé. E, por me parecer que além de interessante poderia ser uma ferramenta de apoio aos recém pais e cuidadores, decide partilhá-la.
Não é necessário ser pai ou mãe para perceber que um dos principais e privilegiados meios de comunicação com o recém-nascido é o toque pele a pele. Infelizmente é muitas vezes descurado na preocupação constante de manter o bebé aconchegado e quente, mas existem muitas possibilidades, que na consciência da sua importância, são colocadas em prática. Aproveitar a hora da muda da fralda, estipular um momento tranquilo de massagem ou simplesmente tirar partido do tipo de toque, do seu ritmo e intensidade, são óptimas estratégias para que a interacção com o bebé se inicie logo após o nascimento. Foi nessas primeiras horas, de pura contemplação que comecei a tocar suavemente com o meu dedo indicador o nariz minúsculo da minha bebé. E desde então esse é um dos meus principais trunfos para a relaxar e adormecer. Fui também reparando que a avó e o pai tinham outras estratégias… o pai embalava dando suaves palmadinhas e a avó fazia “festinhas” nas bochechas. Todos nós tínhamos formas diferentes de interagir através do toque e todas elas eram eficazes. Ao longo do tempo fui percebendo que aquelas estratégias eram infalíveis se se tratasse do cuidador que as iniciou. Existe, de facto, um código de toque que permite ao bebé desde tenra idade conhecer o cuidador, obviamente com o auxílio das especificidades da voz, do cheiro e da expressão facial. Não devemos descurar o toque na comunicação como o bebé e é sempre benéfico se adoptarmos um toque que nos identifique. O bebé é muito mais do que um ser que como e dorme. Está disponível para entrar em relação desde as primeiras semanas de vida e os cuidadores podem e devem usar todas a estratégias que estiverem ao seu alcance para que a vinculação se inicie e fortaleça. Muito provavelmente ao ler estas palavras tomará consciência de que sempre teve um código de toque com o seu bebé. Fique então a saber que é uma poderosa ferramenta na vinculação ao seu filho. Às mães que se sentem perdidas no cuidado ao recém-nascido, demasiado duvidosas do seu desempenho ou em depressão pós-parto, esta pode ser uma dica de valor. Inicie hoje mesmo um código de toque!

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